CRISTIANISMO E POLÍTICA

15/06/2014 07:02

CRISTIANISMO E POLÍTICA

“Dizei a Deus: Quão tremendo és tu nas tuas obras! Pela grandeza do teu poder se submeterão a ti os teus inimigos”. (Salmos 66:3) 

Por meu intermédio, reinam os reis, e os príncipes decretam justiça. Por meu intermédio, governam os príncipes, os nobres e todos os juízes da terra”. (Provérbios 8:15 e 16)

Sabemos que o mundo inteiro jaz no maligno (I João 5:19) e que à besta foi-lhe permitido pelejar contra os santos e vencê-los (Apocalipse 13:7a); porém, aqueles que são selados ou escolhidos por Deus para exercer o dom de governos (I Coríntios 12:28) não podem nem devem se acovardar, fugir e enterrar o talento, nem se justificar dizendo que política é terreno dominado pelo anticristo; pois terão que prestar contas ao Senhor, Deus Todo-Poderoso, em cujas mãos há força e poder, segundo a oração do rei Davi (I Crônicas 29:12). Para introduzirmos e abordarmos sobre este tema, deveras importante e crucial, tomando como base a palavra de Deus, refletimos com paciência e pedimos a direção e condução do Espírito Santo, para que se esclareça sobre o chamado e a missão dos cristãos que são embuídos de autoridade espiritual para exercer autoridade terrena, em relação ao poder civil. Está escrito: “Uma vez falou Deus, duas vezes ouvi isto: Que o poder pertence a Deus” (Salmos 62:11). Queremos tão-somente sanar algumas dúvidas que têm gerado polêmica no meio do povo de Deus. Para tanto, refutamos e rebatemos algumas premissas e propostas falsas que foram malignamente semeadas:

1º. Os cristãos que se envolvem ou se engajam politicamente são carnais, e não, espirituais.                A grande maioria do povo de Deus já ouviu os jargões: “Política é coisa do diabo” ou “Política é satânica”. A política é um espaço, um meio, um lugar, um ambiente, um campo de batalha; assim como o é o lar com a família, o trabalho com os colegas, a Igreja com os irmãos, etc. Esta mentira foi malignamente semeada nos templos evangélicos e católicos, com a única finalidade de coibir, desviar ou mesmo intimidar qualquer cristão sincero e verdadeiro de militar na esfera política, sob a alegativa e falso argumento de ser carnalidade, ou mesmo, de pré-julgar que o cristão esteja mal intencionado e/ou poderá se corromper e se desviar da fé. Lembre-se de que os inimigos estão na política há muito tempo e muito bem posicionados! Ao meditarmos em I Coríntios 12:27 a 31, quando trata sobre os dons espirituais que o Espírito de Deus estabelece na sua Igreja, constatamos a referência ao dom de governos. Agora perguntamos: Os dons são dados para serem efetivados nos templos ou no corpo místico de Cristo, que é a sua Igreja invisível, e na sociedade em geral? Lembre-se de que os dons dos quais você é dotado, devem ser administrados para servir e alcançar o máximo de pessoas, tanto crentes quanto incrédulos. Os dons (presentes, talentos, faculdades ou dotes naturais) que Deus distribui aos homens, na verdade, não são posse e exclusividade somente dos justos (salvos), que os usam para serviço do reino de Cristo, mas também são dados aos ímpios (perdidos), sendo que estes os usam, com consciência ou não, para serviço do reino do anticristo. Está claro agora então, que o dom de governo temporal, é dispensado àqueles capitães do exército do Senhor Deus, conforme sua soberana vontade e para estarem sob o seu comando. Portanto é dom, vocação, chamado, missão, e deveras sacrossanto.

2º. O cristão não deve se manifestar contra os governantes corruptos e tiranos, e só deve se preocupar com a sua vida espiritual e com a pregação do evangelho da salvação, ou seja, ter uma vida cristã “normal”.                                                                                                                                             O Senhor Deus é quem determina e conduz a história da humanidade, e Ele mesmo chama, prepara e capacita os guerreiros para a frente de batalha. O próprio Senhor Jesus Cristo deu testemunho do profeta João Batista, quando disse que este foi muito mais do que profeta e que não havia aparecido alguém maior do que João Batista; e nos faz uma advertência: “Desde os dias de João Batista até agora, o reino dos céus é tomado por esforço, e os que se esforçam se apoderam dele” (Mateus 11:9 a 12). De forma esclarecedora, lemos em Marcos 6:14 a 20 sobre a morte do profeta João Batista, que foi preso e depois decapitado por denunciar publicamente o pecado de adultério do rei Herodes. “Pois João lhe dizia: Não te é lícito possuir a mulher de teu irmão”. Portanto, não estamos no mundo somente para pregar o evangelho da salvação, e quando muito, atender aos pobres e necessitados (órfãos, viúvas, enfermos e doentes, encarcerados), mas também para resistir ao diabo e ao avanço das trevas, e combater o mal e a corrupção. Tanto João Batista como todos os profetas que lhe antecederam, preparavam (endireitavam) o caminho do Senhor, pois é caminho reto, santo e justo. E, é preciso que seja dito que, todo cristão deve a si mesmo guardar-se incontaminado do mundo ou guardar-se da corrupção deste mundo (Tiago 1:27b).

3º. O cristão deve estar alheio e alienado quanto ao seu papel na história politica da sua nação, pois Jesus Cristo, os profetas e os apóstolos, bem como a Igreja primitiva, não interferiram na política de sua época.                                                                                                                                                       Temos vários exemplos descritos na palavra de Deus, ao longo da história de Israel, de homens e mulheres que lideraram e conduziram o seu povo. Com poder e autoridade espirituais e terrenos, alguns deles foram reis, juízes, presidentes e governadores. Citamos os nomes de: Abraão, José, Moisés, Josué, Sansão, Gideão, Davi, Daniel, Neemias, e porque não citar a rainha Ester?; que com sua valorosa coragem, humildade, e obediência ao Senhor Deus, salvou o povo hebreu do seu extermínio (Ester 4:10 a 17). O Senhor Jesus Cristo não veio ao mundo para ser líder político e/ou militar, e salvar os judeus do domínio e jugo do Império Romano, mas Ele cumpriu cabalmente toda a lei, e instituiu o seu reino dentro de nós. Perante Pilatos respondeu Jesus: “Nenhuma autoridade terias sobre mim, se do céu não te fosse dada” (João 19:11a). Diante dos seus discípulos, antes de sua ascenção aos céus, disse Jesus: “Toda autoridade me foi dada no céu e na terra” (Mateus 28:18). Está claro, pois é evidente, que o poder e a autoridade são concedidos pelo Senhor Deus, tanto no céu como na terra.

4º. O cristão deve ignorar e maldizer levianamente os políticos sérios ou tornar-se subserviente e conivente com os maus políticos.                                                                                                           Ambas as atitutes são pecaminosas e devem ser banidas do seio da Igreja. O apóstolo Pedro nos exorta em II Pedro 2:4 a 12, fazendo séria e veemente crítica e advertência, contra os que menosprezam qualquer governo, e contra os atrevidos e arrogantes, que não temem difamar autoridades superiores, cujos tais ele considera como brutos irracionais e ignorantes. No entanto, diante da autoridade eclesiástica da época, o apóstolo Pedro e os demais apóstolos afirmaram: “Antes, importa obedecer a Deus do que aos homens” (Atos 5:29). O apóstolo Paulo era judeu com cidadania romana, e soube descrever o valor e a importância de se obedecer às autoridades, que são instituídas e procedem de Deus; dando mais ênfase ao grande ministério que compete ao que governa (Romanos 13:1 a 7). Na primeira metade do século XX, Dr.Gustavo Doth Barroso, herói cearense e mártir do Cristianismo, deixou escrito esta pérola de seu pensamento: “Na boa doutrina, a origem do poder é divina, porque o poder é necessidade natural e Deus é o criador de todas as necessidades naturais. O soberano que exerce o poder, é um simples mandatário, que, em si, nada tem de divino”.

5º. Estamos no final dos tempos e não precisamos nos importar com questões terrenas; Jesus Cristo já fez tudo por nós na cruz e por isso, somos mais que vencedores.                                                Por causa desta visão distorcida, que tem nome de triunfalismo da Igreja, é que muitos cristãos não levantam suas vozes nem tomam atitudes contra leis injustas, que são elaboradas e aprovadas por parlamentares, e que serão aplicadas pelos magistrados e/ou ministros, sob os ardis de satanás. Somente através de leis justas, promove-se a paz e a justiça, sem demagogias e proselitismo. Está escrito: “E não sejais cúmplices nas obras infrutíferas das trevas; antes, porém, reprovai-as” (Efésios 5:11). Observamos que, ao contrário do que se pensa e se prega, o cristão sincero e verdadeiro tem por obrigação se manifestar, denunciando e reprovando as maldades, as injustiças e as mentiras, que são próprias dos que amam as trevas, pois ele é a luz do mundo e o sal da terra (Mateus 5:13 e 14). Mesmo sabendo que custe a sua própria vida, o cristão sincero e verdadeiro está disposto a levantar e sustentar as bandeiras, e defender a justiça e a verdade de Deus, e os valores do seu reino. Está escrito: “Aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo”. (Mateus 24:13) e “Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida”. (Apocalipse 2:10b)       

Concluindo: Sejamos humildes e obedientes imitadores do Senhor Jesus Cristo, quando de sua sublime missão: “Para isto se manifestou o Filho de Deus: para destruir as obras do diabo” (I João 3:8b). O cristão é a luz do mundo (Mateus 5:14a) e reflete a Jesus Cristo, que é a luz dos homens e a luz que resplandece nas trevas (João 1:4 e 5). Diante do exposto, nós cristãos, podemos e devemos, sim, nos engajar politicamente, haja visto ser um dom de Deus e deveras sacrossanto. O Senhor dos exércitos, nosso general e comandante, está separando e preparando seus capitães guerreiros, principalmente e oportunamente, no momento atual da história da Igreja de Cristo, que vem sofrendo constantes ataques por parte dos inimigos, que vorazmente perseguem os que querem viver piedosamente em Cristo Jesus (II Timóteo 3:12). Trago à lembrança, a memorável história de José, governador do Egito, que na situação de escassez de alimentos àquela época, foi levantado por Deus, para salvar a humanidade da fome que se alastrava, alcançando tanto os hebreus quanto os egípcios. Assim também como foi no passado da história de Israel, nestes dias que antecedem o fim do mundo corrompido e cheio de iniqüidades, o Senhor Deus tem levantado, tanto homens quanto mulheres, que são comprometidos com sua vontade, para cumprir tão nobre missão e seus desígnios eternos. Os cristãos sinceros e verdadeiros, Igreja de Cristo, Israel espiritual do Senhor, que têm este chamado e esta missão, devem conquistar (tomar e ocupar) seu espaço no terreno político, pois é onde se travam as maiores batalhas espirituais, depois da mente humana. O Senhor Deus nos quer por cabeça e não por cauda! O povo de Deus peca, quando ignora as realidades espirituais, quando recua e cede espaço para os inimigos, ou mesmo, quando se furta ou se omite para a peleja, ou seja, para a guerra; que somente terá fim com o retorno do nosso Senhor Jesus Cristo. E então, o Soberano dos reis e Deus Todo-Poderoso destruirá seu arqui-inimigo e inimigo de nossas almas. Esteja certo de que, não há nenhum lugar, santo ou profano, onde Deus não possa agir para livrar o seu povo das mãos dos inimigos, mesmo que seja através da política ou do poder civil. Tributamos graças ao Senhor, a quem pertence a força, o poder, a vitória, o domínio, a majestade e o reino!

“Porque Deus não nos tem dado espírito de covardia, mas de poder, de amor e de moderação”. (II Timóteo 1:7)