Estudo: 85% dos professores de História são de esquerda

01/05/2018 12:34

Mas, segundo pesquisadores, a visão política não necessariamente significa doutrinação em sala

     O debate sobre a posição ideológica dos professores tem ganhado destaque no debate público nos últimos anos. Em Brasília, um grupo de parlamentares articula a aprovação de uma lei – a Escola Sem Partido – que proibiria o docente de defender uma posição política dentro da sala de aula.  O consenso entre os defensores do projeto é de que, especialmente na área de humanas, há uma doutrinação ideológica de esquerda por parte dos educadores. Mas, afinal, essa preferência política existe mesmo?

    Há poucos estudos dedicados a mapear as preferências políticas dos professores. Um deles, entretanto, traz resultados significativos.

Uma dupla de pesquisadores realizou um levantamento com 288 professores de História de Brasil, Argentina Uruguai, Paraguai e Chile. O resultado: 84,5% dos professores brasileiros disseram preferir siglas de esquerda ou centro-esquerda.  O centro, a centro-direita e a direita, somados, corresponderam a 15,5% das respostas. 

Intitulada “Esquerda ou direita? Professores, opção política e didática da história”, a pesquisa tem como autores os educadores Caroline Pacievitch, professora de História da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e Luis Fernando Cerri, professor de História da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).

Em nenhum dos países participantes a maioria dos professores de História disse votar em algum partidos de direita. Na Argentina, 46,83% preferem a centro-esquerda ou a esquerda, um índice semelhante ao encontrado no Paraguai. O grupo de professores ouvidos que votam na esquerda e na centro-esquerda, no Uruguai, é 100%, no Chile, 93,33%, e, na Argentina, 69,62%. Os argentinos e paraguaios, de acordo com o estudo, são os que mais tendem a votar à direita do espectro político – 30,37% dos participantes da Argentina demonstraram esse comportamento.  

Embora o trabalho realizado pelos pesquisadores não tenha pretensões de “representatividade estatística”, os dados ajudam a identificar algumas tendências no ensino da disciplina de História. A preferência pela visão de esquerda da maior parte dos professores fica clara.

Fonte: Gazeta do Povo.